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Macrotendências e medidas desejáveis em um contexto de aceleração e automação nas organizações

  • Foto do escritor: Mario Salimon
    Mario Salimon
  • 18 de dez. de 2024
  • 4 min de leitura

As camadas de complexidade se montam e se potencializam na sociedade contemporânea, exigindo das organizações níveis crescentes de resiliência e adaptabilidade.
As camadas de complexidade se montam e se potencializam na sociedade contemporânea, exigindo das organizações níveis crescentes de resiliência e adaptabilidade.

A revolução digital provocou uma série de mudanças significativas nas formas de gestão e comunicação. Neste artigo, exploramos as macrotendências que estão moldando o uso das ferramentas contemporâneas nesse contexto. Discutimos também o surgimento de uma nova era, na qual o marketing assume um papel de destaque em relação à publicidade tradicional, a aceleração dos processos de automação impulsionados pela inteligência artificial e a necessidade de transformação organizacional. Além disso, abordaremos alguns cuidados a serem considerados nesse processo de mudança.


Ao longo dos últimos quinze anos, a popularização das plataformas de redes sociais desencadeou uma verdadeira revolução nas comunicações. O poder antes concentrado nas mãos de poucos passou a ser compartilhado por massas de usuários. Esse fenômeno criou um novo paradigma, no qual os consumidores se tornaram não apenas receptores, mas também transmissores de informações. Com o custo marginal das ações de broadcasting reduzido, as mensagens têm um potencial de alcance praticamente total, sendo que os limites ainda existentes são mero resultado da escassez artificial criada pelo mercado para valorizar a oferta em função da demanda.


Uma primeira macrotendência que notamos no rescaldo desse fenômeno é o desenvolvimento de um contexto em que a natureza multilateral dos processos de marketing assume papel central na comunicação, superando a própria publicidade — esta marcadamente unilateral — como meio de alcançar e persuadir os consumidores. A fenomenologia das redes sociais reduziu a importância dos conteúdos e mesmo o impacto das mensagens. Ao se tornarem emissores espontâneos de informação, os indivíduos fornecem inadvertidamente dados valiosos sobre suas necessidades e demandas, o que possibilita uma gestão cada vez mais automatizada e baseada em dados. A capacidade de transmitir informações de forma instantânea e com alcance massivo e as pesquisas de mercado, sejam elas quantitativas ou qualitativas, possibilitam uma gestão cada vez mais automatizada e baseada em dados, o que amplia as chances de sucesso nos processos mercadológicos. Cada vez que alguém comenta um produto, os mecanismos de busca computam tendências de consumo, transformando-as em informações valiosas para aqueles que podem pagar por elas.


Nesse sentido, a otimização dos mecanismos de busca, conhecida como SEO, ganha uma importância crítica para as organizações. Elas precisam refletir sobre sua cultura, produtos e cadeias de valor, a fim de identificar as palavras-chave e estruturas semânticas que funcionarão como chaves para desbloquear, de forma muito sutil, o mundo dos desejos das pessoas.


O segundo aspecto importante a se destacar é a aceleração dos processos de automação, impulsionados pelas Inteligências Artificiais. Essa aceleração facilita a redução de custos transacionais tanto para organizações como para indivíduos, movimentando fortemente os ecossistemas organizacionais. As consequências de longo prazo dessas mudanças ainda são desconhecidas, mas é possível antecipar desafios cognitivos, políticos e econômicos consideráveis na adoção massiva desses processos. As máquinas estão ditando, com maior frequência, o ritmo em que os humanos precisam atuar, e a história das revoluções industriais podem nos fornecer um vislumbre dos problemas que surgirão nesse novo contexto que se desenvolve.


Finalmente, nos termos desta breve análise, destaca-se a transformação organizacional como uma necessidade fundamental. A automação e a interação humano-máquina geram um cenário que dificulta a manutenção do status quo nas organizações conservadoras. A precisão e a velocidade das máquinas podem causar desconforto tanto para as pessoas como para as organizações que resistem à mudança.


É fundamental ter uma estratégia clara para enfrentar tamanho processo de transformação, não apenas do ponto de vista gerencial, mas também ético. Ao embarcar na transformação digital, é essencial ter em mente o impacto nas vidas das pessoas envolvidas e não considerá-las apenas como variáveis de ajuste num sistema de custos. As inteligências artificiais, por exemplo, devem ser vistas como auxiliares das pessoas, não como substitutas. Embora os chatbots — um exemplo primário, mas já comum de uso das IAs — sejam eficientes em algumas tarefas, eles muitas vezes falham ao lidar com questões críticas ou que envolvam os sentimentos dos consumidores. É importante garantir que os usuários tenham a opção de interagir com pessoas reais quando necessário, pois a falta desse cuidado pode gerar ressentimento.


Outro cuidado muito importante — crucial, na verdade — é evitar a adoção fragmentada das ferramentas digitais. É necessário ter uma visão integrada do uso das tecnologias, alinhando-as com as estratégias de negócio da organização. Além disso, é essencial investir em treinamento para capacitar as pessoas a lidar com essas ferramentas e compreender seus resultados. Há que se manter um olhar muito crítico sobre as descobertas entregues pelas IAs. A análise humana ainda é fundamental para identificar equívocos resultantes de respostas excessivamente automatizadas.


Por fim, há questões que são perenes e independem de tecnologias específicas. A capacidade de adaptação organizacional é fundamental para a sobrevivência em qualquer contexto — digital ou não — de constante transformação. É necessário ir além de uma mudança pontual para se fazer com que a capacidade de adaptação seja uma função sistêmica, integrada ao metabolismo das organizações. Para isso, é essencial ter um programa de gestão estratégica que alinhe diversos fatores, como vontades políticas, vocabulários e visões de mundo, em função de uma visão de longo prazo. A gestão adequada desse novo mundo digital requer um desenho organizacional detalhado e cuidadoso, não pode ser uma abordagem improvisada. Embora o cenário digital ofereça promessas e oportunidades deslumbrantes, é fundamental enfrentar esses desafios com uma dose muito generosa de responsabilidade.

 
 
 

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