O cantor, compositor e cineasta brasiliense Mário Salimon lança, após longo hiato na produção fonográfica, um álbum em que organiza e reconstrói composições próprias de tipo instrumental eletrônico. Trata-se de Oscilations, editado pela GRV Discos e disponível mundialmente nas principais plataformas digitais.
Osiclations é o terceiro disco de uma carreira de mais de 30 anos, tendo Salimon passado por 20 bandas na cidade de Brasília, algumas das quais lendárias, como Fama, Oficina Blues, Another Blues Band, Cocina del Diablo e BsB Disco Club. Salimon também tem longa trajetória como especialista em gestão de estratégia e comunicação, além de ter sido premiado, em 2012, como realizador do melhor longa metragem na Mostra Brasília do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, por seu documentário biográfico Parece que Existo.
São nove faixas em que Salimon dá vazão a sua verve experimental, distanciando-se de sua mais conhecida trajetória como cantor de blues, soul e jazz. Ainda que isso pareça uma ruptura, o músico afirma que se trata da vinda à tona de um trabalho paralelo iniciado há décadas e que teve pouca visibilidade por ter sido apresentado publicamente – em parte, é preciso dizer, pois há faixas inéditas na compilação – como trilha sonora de seus documentários, e não em espetáculos musicais.
Assim como no caso da maior parte de seus filmes, Oscilations foi totalmente produzido por Salimon, da composição à finalização, e os dispositivos eletrônicos utilizados foram centrais na viabilização das ideias concebidas. A viagem começa em 1997, quando da compra do primeiro sintetizador de tipo estação de trabalho, um Alesis QS6, com o qual o artista desenvolveu as primeiras atividades de programação. Passa com força, nos cinco anos seguintes, pelo Ensoniq MR76 – este também a base de produção do disco solo “33”, lançado em 1999 – e termina com o uso dos gravadores de mão Zoom e os sintetizadores virtuais da Apple e da empresa alemã U-He. Também teve protagonismo relevante o pequeno, mas impactante, Micro Korg Vocoder, produto que traz para o mundo analógico a pegada rústica e menos previsível dos primeiros sintetizadores e sequenciadores analógicos.
Ao longo de duas décadas, Salimon colecionou, processou e alterou sons que ia gravando em passeios e viagens, bem como os utilizou como inspiração para melodias depois transcritas para timbres de Mellotron e lead synth. As influências musicais são muitas, vindas da infância encharcada pelo som do radinho de pilha, em que soavam vinhetas e BGs tirados dos discos de efeitos especiais da BBC, pelas trilhas dos filmes de ficção científica e, depois, por fitas e discos colecionados de artistas seminais como Isao Tomita, Walter Carlos,Tangerine Dream, Popol Vuh, Kraftwerk, John Cage e Karlhein Stockhausen.
Mas a inspiração, na maior parte do trabalho, vem das obras de Ricardo Stumm, Pedro Henrique Garcia e Nick Elmoor, artistas com quem Salimon colaborou ou que foram por ele retratados, respectivamente, nos curtas Stumm, Olhos Sobre Telas e Underground. Além das obras de arte, sons naturais ou artificiais aleatórios, paisagens como as retratatadas no filme Gilbués e abstrações filosóficas como as do documentário Hierarquia: conversas depois do fim de um mundo também foram suficientemente impactantes para gerar ideias musicais aproveitadas no presente trabalho.
Mário Salimon vive atualmente com sua família em Quarteira, no Algarve, em Portugal, onde pretende estruturar sua nova base para atividades nas diversas áreas em que atua. Mais informação sobre o artista em www.mariosalimon.com ou pelo email mariosalimon@mariosalimon.com
Oscilations
2018, GRV Discos
Foto da capa: Mauro Giuntini